terça-feira, 18 de junho de 2013

A era “ensaio sobre a cegueira”

Fazendo alusão com a obra de Jose Saramago, que há muito tempo nos alertava dessa tal cegueira que impera sobre a sociedade em um todo, principalmente dos menos favorecidos.

Em sua obra ela relata uma cegueira que começa com um homem e logo se alastra nas pessoas e logo vira uma epidemia infectando todo o mundo. O governo decide agir, colocando as pessoas infectadas em uma quarentena, um lugar hostil e desumano com poucos recursos. Apenas uma mulher não foi infectada por essa epidemia, e que se passa por infectada por essa cegueira, vivendo nessa quarentena percebendo e presenciando visivelmente todos os horrores provocados pelo governo. Ela decide sozinha lutar contra o sistema.

Jose Saramago nos leva a uma reflexão sobre os nossos instintos, o da moral e o da ética. A cegueira branca é uma alegoria sobre a falta de visão social e política diante da realidade que nos circunda. Os indivíduos, alienados, encontram-se apartados do mundo, imersos na ideologia individualista e consumista. Eles vivem fora da realidade, ainda que tenham olhos não a reparam. Tudo lhes parece natural. Se a satisfação hedonista alimenta a “cegueira”, é o medo da perda e da impossibilidade de saciar-se e manter- sem em “segurança” que os tornam cegos. Diante da insegurança e das incertezas, cegam-se. Talvez nos encontremos nos estado de cegueira, ainda que nossos olhos vejam. “O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, são palavras certas, já éramos cegos nos momento em que cegamos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos” (p. 131). Eu pergunto como estamos reagindo dentro dessa quarentena? Como lidamos com o nosso primitivismo?

Qual o tamanho do barril de pólvora da nossa intolerância? Até quando vamos viver nos meio do lixo, em quanto no palácio dos governantes eles bebem Chateau Lafitte ao som de Édith Piaf, gozando de um sistema político austero e bárbaro. E muito longe de ser subservientes aos interesses da massa.

Chega de repudiarmos, vamos tirar as mordaças e ir as ruas sim protestar pelos nossos direitos. Já que democraticamente não se resolve diante das urnas. Vamos apelar ao velho método sofista “aos gritos”. Viva a democracia!!!


Texto: Henrique Oliveira

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ser insólito ou congênere?

Recriar, reinventar, reciclar é um exercício que devemos fazer todos os dias a nossa faculdade mental. O cotidiano monótono torna a vida num copioso dissabor.

Rabisque, mas apague quantas vezes for necessário. As diferentes funções da mente relacionam-se com as diversas esferas mentais, que, uma vez ativadas pelo imaginário, possibilitam à mente humana conectar-se ao campo de ideias e ter acesso à informação para influenciar, positivamente, as esferas mentais e obter resultados elevados.

Seja visceral, faça da tua mente um instrumento de sua criação, faça como Marcel Prost, transmuta o tempo perdido em tempo redescoberto. Ofereça a consciência fragmentos preciosos de um passado de outra forma irremediavelmente perdido, em contraste com os fragmentos inertes e sem vida reconstituídos pela memória voluntária, a memória involuntária é a verdadeira alavanca da redescoberta do tempo.

Desfazer para refazer é libertar-se da prisão do passado, e transformar-se em atemporal. Ter predominância simétrica do cérebro. A força do recomeço vem das derrotas. É preciso assimilar as nuanças dos sentidos internos, assim como coeficiente da variação, que, quanto menor for o seu valor, mais homogêneos serão os dados.

Customize, conserte, emenda, refaça, reconstrua, renove, melhore, moralize, refunda, regenere, robusteça as ideias, a vida e todas as possibilidades que houver.


Texto: Henrique Oliveira

terça-feira, 14 de maio de 2013

O risco da carreira musical na zona de conforto

“Na psicologia, a zona de conforto é uma série de ações, pensamentos e/ou comportamentos que uma pessoa está acostumada a ter e que não causam nenhum tipo de medo, ansiedade ou risco. Nessa condição a pessoa realiza um determinado número de comportamentos que lhe dá um desempenho constante, porém limitado e com uma sensação de segurança. Segundo essa teoria, porém, um indivíduo necessita saber operar fora de sua zona de conforto para realizar avanços em seu desempenho – por exemplo no trabalho – eventualmente chegando a uma segunda zona de conforto.” (Fonte: Wikipédia).

Quando falamos de carreira musical enfocamos o termo ‘desenvolvimento’. Desenvolver é crescer, progredir, melhorar. Ou seja, uma carreira musical é construída com ações sucessivas, cujos resultados, somados no tempo, definem o alcance do artista no mercado. Inovação é a palavra-chave deste processo contínuo. Tanto a inovação no produto (o talento, a criatividade), quanto a inovação no processo (a estratégia, o modelo de negócio).

Sucessos passados, por exemplo, podem colocar o músico na zona de conforto, bloqueando descobertas de ações criativas que gerem novos resultados. O objetivo deste texto é alertar para o perigo que representa a acomodação profissional, quer dizer, o artista que não alimenta pretensões na carreira. As melhores estratégias para evitar essa armadilha são: estar atento ao mercado, buscar novas parcerias, escutar gêneros musicais variados, frequentar eventos sociais, ler a mídia especializada e estabelecer uma rotina que contemple os momentos de criação, de laboratório, de experimentação.

Se toda nova ação envolve um certo grau de risco, também é verdade que não fazer nada é igualmente arriscado. Ao ficar parado, corre-se o risco de ser atropelado ou de ficar para trás.


Por Leo Salazar

domingo, 5 de maio de 2013

O poder da nossa razão

Vivemos num barril de pólvora e, independentemente das nossas pessoais depressões e das pequenas angústias quotidianas que nos assaltam, parece não atentarmos, com seriedade, na natureza do problema. A nova crise do capitalismo agudiza-se sem complacência, e os seus turiferários não param de o elogiar. Inexiste um estudo profundo e rigoroso esclarecedor do “estado a que isto chegou.” Entrou-se, de novo, nos territórios da “banalidade do mal”, extensivo a todos os sectores (sem excepção) das sociedades. Hannah Arendt referia-se às características maléficas dos totalitarismos, e sobre o assunto escreveu, pelo menos, dois magnos tratados. Judia, antinazifascista e campeã da causa da liberdade, foi, ela própria, um exemplo da “contradição elementar”: amantizou-se com Heiddegger, seu professor, membro activo no partido nazi – e um dos maiores filósofos de sempre. É evidente que o capitalismo está em acentuado declive; mas daí até ao seu fim vai uma imponderável distância. Essa evidência arrasta consigo outra evidência: não surge nenhuma alternativa e, aliás, ninguém manifesta o mais ténue interesse em combatê-lo, a não ser em termos de retórica. Essa retórica, porém, não ultrapassa os seus limites e é cediça, anacrónica, baseada nas linhas tradicionais dos finais do século XIX. A “banalidade do mal” também advém dessa preguiça mental e dessa inércia especulativa que não consegue ser o que Marx desejava: ser dialéctica. Já dois homens de Direita, Raymond Aron e Jean-François Revel, assinalaram o vácuo filosófico e a deficiente interpretação dos textos do autor da “Crítica do Programa de Gotha”. Tanto Aron quanto Revel, com o rolar dos anos, resvalaram para um reaccionarismo sem saída. Hoje, são relíquias que os movimentos mais retrógrados vão recuperar no sótão das velharias. A Esquerda não expõe alternativas à crise, e a Direita, como seu reflexo, é um realejo de remotos autores. Com a queda do Muro de Berlim, tanto a Esquerda como a Direita ficaram desempregadas. E, para “salvar” o capitalismo, os governos (responsáveis pelo descalabro) recorrem às nacionalizações, expediente do breviário socialista. A verdade é que não se vêem soluções à vista. A génese da crise é diversa, confusa e, até agora, inexplicada. A tempestade que varreu, mundialmente, o mundo da finança não tem uma só origem. E como ninguém sabe, rigorosamente, onde está o busílis, também ninguém conhece o remédio para a cura. As decisões até hoje tomadas são meramente ocasionais, o que alimenta a tragédia do desemprego generalizado e, por consequência, a previsível agitação social, cujas consequências são imponderáveis. Não digamos que tudo está em aberto: na realidade, tudo parece hermeticamente fechado. Nenhum governo se atreve a formular o mais ténue discurso optimista, pelo contrário: carregam na nota e advertem-nos de que temos de fazer sacrifícios inauditos. “Este será o pior ano para a economia, desde o final da Segunda Guerra Mundial”, esclarecem graves instituições internacionais. Autor: Baptista Bastos.